A vida a cores

Dou por mim assombrado pela capacidade que as cassetes têm de nos fazer viajar no tempo. Que dádiva esta, a de voar para os lugares que eu conheço, populados com versões mais novas dos seus habitantes e de tudo o que os rodeia.

São versões mais ágeis, mais risonhas, mais inocentes de todo um mundo; réplicas de tantos adultos de hoje em bebés de outrora, cujos frágeis inspirares e expirares (prova de uma ténue existência!) ficaram para sempre registados pelo microfone da câmara do meu pai. Naquele momento, em que a criatura eleva o olhar para um borrão que reconhece, existe toda uma vida em potência — desconhecida ao bebé em si, mas patente no olhar sonhador dos pais.

Penso muito na fragilidade dos bebés e dos idosos quando reproduzo os vídeos de família. Vejo bebés a existir num mundo que se abre para eles e os convida de braços abertos e sorrisos, ao lado de idosos que desfrutam do seu dia, contam as suas histórias, felizes por estarem com os familiares.

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