Há dias em que dou por mim numa intersecção entre o passado aspiracional (“quem me dera um dia”) e o futuro nostálgico (“foi tão bom naquele tempo”). Basta o clima aligeirar um pouco para o cérebro conseguir pensar, e sensação de viver num presente idílico instala-se no corpo.
É como se levitasse. Pouso o pé quente na pedra fria, bebo água gelada, descanso nas sombras da casa. Por entre a frincha da porta, uma faixa de sol entrecortado pelas árvores borbulha luz com sombra, sombra com luz. Na contraluz, brilha a teia de aranha. O ar viaja entre janelas distantes, e as cortinas, por instantes, também: como se estendessem a mão pelos espaços.
Continue a ler “O fio do presente”




