À terceira tentativa frustrada, levantei os olhos do parágrafo. Um grupo de seniores discutia dinheiros e apartamentos que alguém deixou em herança ao sobrinho. Respirei fundo. Por mais que eu ande, por maior que seja a minha peregrinação até ao lugar perfeito para a minha toalha, há sempre um grupo.
Longe de mim querer mal aos sábios de bronze perfeito, ao defunto ou ao seu herdeiro. Plantei a testa na toalha, ouvindo inadvertidamente o evangelho dos bens deixados ao rapaz como lhe fizesse as vezes de advogado ou confessor.
Lembrei-me do filme Tenet, onde duas personagens discutem uma intriga nuclear de fim de mundo em pleno autocarro. Só me apetecia gritar para o ecrã. Há pessoas à vossa volta, seus imbecis. Uma delas deve estar a tentar ler. Ninguém quer saber da vossa vida privada!
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