Olhares ambarinos

É para mim um acontecimento nobre quando um animal pousa a sua cabeça em algo suave, e me observa.

A gata do Tomé tem 12 anos. Fita-me do outro lado da sala, firme, com a tranquilidade característica de um felino. Já o meu infinitamente adorado cão, com a fisionomia de uma duna poveira, também se entretém perdendo o seu tempo comigo.

Há alturas, quando não me pede comida, mimo, rua, ou coçadelas atrás das orelhas, em que sei que o olhar do Jola é desinteressado. Olha-me, com a maior das simplicidades, o maior dos desinteresses, no mais puro dos gestos. A sua atenção está completamente em mim. Depois disso, o sono fecha-lhe as cortinas, e ei-lo a correr pelos campos dos sonhos.

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